A fama de terra de oportunidades que o Brasil tem entre os seus irmãos latinos – somada à nossas fronteiras gigantes e problemáticas e aos governos que pouco desenvolvem os nossos vizinhos – faz com que recebamos ilegalmente artistas argentinos, contrabandistas paraguaios e mão de obra semi-escrava boliviana.
Estima-se que mais de 200 mil bolivianos vivem em São Paulo. Aqui na ilha em que habito entre Consolação, Pinheiros, Jardins e Paraíso, mal os vejo. Tive que finalmente tomar o metrô até a estação Armênia e procurar a feira que acontece aos sábados e domingos na rua Pedro Vicente, em frente ao número 600, para ver que existe um pequeno-grande centro de tradições bolivianas na nossa megalópole.
Eles mal falam português. Trabalham em fábricas de roupas tocadas por coreanos no Brás. Em condições sub-humanas, ao que parece. Nos fins de semana, aliviam a saudade da terra natal numa feira que vende deliciosas Saltenhas (empanadas bolivianas com recheio bem cremoso, que você deve cavar com uma colher antes de devorar a massa), empanadas (tipo as chilenas ou as argentinas), churrascos, incluindo um delicioso espeto de carne de coração de boi, pacotes de chás de coca, farinha de quinua e de amaranto.
As sobremesas deixam a desejar. Como quase todo país latino, a Bolívia não tem o paladar tão apurado como os mexicanos, os argentinos, os brasileiros e os chilenos. Doce na Bolívia é muuuuito doce. Salgado é muuuuito salgado.E saboroso (ou rico) é descendente direto de fritura. Então, se você for à feira, ou, quem sabe, à própria Bolívia, foque nos assados. Para beber, um ótimo chá gelado de pêssego desidratado com cravo. Tem em tudo quanto é barraca.
A feira também inclui as insuportáveis bandinhas bolivianas de música indígena, muita gente carregando garrafas de 2L de refrigerante para degustar enquanto dá uma volta pelo local, sorteios de pacotes para Santa Cruz de La Sierra – ou venda de pacotes de viagens – anunciados em alto falante, um banheiro imundo a R$ 0,50, tendas de cabeleireiros, DVDs piradas de artistas bolivianos e megapainéis com fotos de La Paz, Sucre, Copacabana, Lago Titikaka e Santa Cruz de La Sierra.
Enfim, é um passeio a uma pequena Bolívia. Até pra chegar à região atravessamos uma das partes mais feias, áridas e urbanóides de São Paulo. Mas as empanadas são tão boas, o churrasco de carne de coração de boi (anticucho) é tão saboroso e os bolivianos são tão amorosos que vale a pena esticar por lá. Brasileiros -acredite! – são a grande minoria, mas cresce a parcela de quem vai experimentar as tradições locais. De olho na clientela turística, algumas barracas de empanadas – como a famosa Don Carlos – já começam a cobrar o preço quase do bar Exquisito, na Consolação. Então, o aviso é o de sempre aos leitores deste blog long tail: corra e experimente antes que hype ou ganhe muito destaque na Revista Veja.
Arte Como Arte 
já tinha ouvido falar nessa feira mas achava que era de culinária latino americana e não só boliviana.
há um ano atrás, atravessei os andes Bolivianos até o salar do Uyuni e, apesar da paisagem maravilhosa, minha referência de comida por lá foi péssima… e, mesmo sabendo de outros cenários incríveis pensarei muitas vezes antes de voltar para lá.
com esse conceito formado, fica difícil ter vontade de descobrir nossa Bolívia Brasileira no bairro Armênia.
Será?
do ponto de vista antropológico, vale a pena. o coração de boi no espeto e as empanadas são muito bons. se quiser doce, esquece, porque é tudo do pior gosto possível.
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UAU!. Que atraente…
NOT.
rsrs… Bolívia é o Acre da América do Sul… ou Seria o Piauí?
Sei lá, mas num gostei de cara. ehehe
Santa ignorância, sem comentários, cultura faz bem meu povo.
Desde a inauguração do “Bar Exquisito” que forneço “Salteñas” eles inuguraram com as minhas saltenhas como atração principal, as conhecidas “Salteñas Don Carlos”. Actualmente só atendo pedidos por telefone celular (WhattsApp), facilmente me encontram no Facebook.