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Barraca em Salvador

As barracas de comida em Salvador viraram grandes negócios, grandes atrações. Hoje ocupam casas estruturadas, restaurantes com banheiros limpos, mas mantém as mesas na calçada, a luz fria e o ambiente com zero refinamento. Ou seja: entre e fique à vontade.

Na Barraca da Cely, no bairro da Barra, sente na calçada e peça uma panela de lambreta. É um molusco semelhante ao vôlgole. É maior que ele na verdade, e é bem comum nos cardápios de Salvador.

Cozida de maneira simples, com limão e cebola, o caldo em ainda num copo à parte para ser tomado no estilo “estou tomando um afrodisíaco”.

Depois de abrir as conchas e se divertir com o molusco, pode-se partir para o round 2 e pedir uma porção de caranguejo.

Na sua frente, além da bandeja com os crustáceos, o garçon te coloca uma tábua plástico e um martelinho. É para você começar a lambança de tentar comer o bicho. É uma guerra: você sai com caranguejo até no cabelo.

Finda a luta, com a fome apertando, peça uma casquinha de caranguejo bonitinha, acompanha de saladinha e farofa de dendê e você já pode ir pra casa.

Ver-o-Peso 1

Atravessar os conjunto de mercados conhecido como Ver-o-Peso, em Belém, é se deparar com produtos alimentícios e terapêuticos inéditos para quem vive no Sudeste.

Cruzam-se barracas e estandes sobre onde amigos locais alerta: “resista à tentação de degustar qualquer coisa no local”. Não resisti e comprei um suco de muruci. Como várias outras frutas da região, o muruci, ou murici, também é desconhecido no imaginário geral do Sudeste. É de sabor doce e intenso, rendendo um suco delicioso.

Seguindo adiante pelo Ver-o-Peso, em direção ao Centro, a paisagem muda: do lado direito, o lindo patromônio histórico de Belém quase largado ao relento. Todos advertem: risco altíssimo de roubo. Do lado esquerdo, o clima se sofistica na Estação das Docas.

Antigos armazéns foram transformados em galpões com restaurantes, lojas e uma sorveteria: a Cairu. Sucesso absoluto no estado, o sorvete faz jus à fama. São sabores, na sua maioria, inexplicáveis, novamente, para quem está acostumado ao que se consome no Sudeste. São muitas as opções de frutas. Mas se tivesse que repetir eternamente dois sabores, escolheria o paraense, que é o de açaí com tapioca, ou o carimbó, que é o doce-de-cupuaçu gelado com castanha-do-pará.

Moqueca em Salvador

Savador é, sem dúvida, uma das cidades mais lindas do país.

A despeito do trânsito infernal, dos táxis mais caros que São Paulo e da música popular baiana que pode deixar aflitos ouvidos mais sensíveis, a cidade é interessante e tem comida deliciosa.

Entre num dos táxis – se forem 3 pessoas, é bandeira dois, tá? – e peça para te levarem ao Donana. O restaurante é simples, com mesas dispostas numa escura galeria. Fica também perto de uma perigosa favela, mas não tem erro. Todo taxista te leva e te tira do local.

Você pode pedir para começar uma porção de espetinhos de camarão com queijo. Eles vêm envolvidos por uma massa de batata com tapioca, frita e crocante.

Na hora de partir para o prato principal, que tal a moqueca de siri com camarão? Vem muita, mas muita carne de siri mesmo, e ainda muito camarão. Tudo bem cozido em dendê, de forma deliciosa. Foi uma das melhores coisas que comi na vida. De acompanhamento, arroz, farofa de dendê e um caruru divino. A porção é colossal. Quatro comem numa boa.

Se, ao partir do restaurante, seu destino for o Pelourinho, guarde-se para a sobremesa no topo do Elevador Lacerda.

É lá em cima que se situa a Sorveteria Cubana, com um sorvete artesanalmente feito há décadas, que mantém a alta qualidade e o preço justíssimo desde sempre.

Golden Oreos – Não Confundir

Há alguns anos, a Nabisco, divisão da Kraft, retirou das prateleiras brasileiras seu biscoito de marca conhecida mundialmente: o Oreo. O sabor preto das casquinhas, quase amargo, e seu recheio de baunilha inesquecível foram suprimidos pelo açucarado Negresco, da Nestlé, mais homogêneo enquanto recheio e casca e mais açucarado, perfeito para os paladrares pouco exigentes da classe média brasileira, uma das maiores consumidoras de biscoito no mundo.

Nos outros países latino-americano, a marca Oreo ainda não foi vencida. Suas versões incrementadas inclusive podem ser encontradas.

Em viagem recente aos Estados Unidos, minha nova paixão foi descoberta: os Golden Oreos. A casquinha é levemente queimada, clarinha, de baunilha, e o recheio pode ser tanto de baunilha quanto de chocolate. Os dois são muito maravilhosos.

Mesmo trazendo um estoquezinho particular, não me contentei com o que tinha em casa e fui atrás de mais Golden Oreos em viagem recente à Argentina. Mas, diferentes dos americanos, os Oreos latinos deixam a desejar mais que o Negresco. A Kraft deveria acompanhar melhor o processo de fabricação de seus biscoitos no lado sul do hemisfério.

Limão Chocolate Doce-de-Leite

Córdoba é a segunda cidade da Argentina. Não tem a beleza, o ar cosmopolita e as atrações únicas de Buenos Aires. Mas é uma cidade em que 95% das pessoas são lindas e simpáticas. Sem exagero.

Tem uma economia que depende em 65% das exportações para o Brasil, focada em produtos agrícolas e na indústria automotiva – quem não se lembra do Volkswagen Córdoba?

Caminhar pelas ruas seguras e limpas da cidade revela encantos gastronômicos. A população, que está sempre espalhada por suas praças tomando chimarrão ou andando de skate, parece ser vidrada em doce. Há uma vitrine de doceria grudada na outra, uma mais atraente que a anterior. E os doces ma argentina não erram nas combinações limão, chocolate, doce-de-leite, ricota, laranja e creme. São variações e variações dos ingredientes acima, sempre em formatos que agradam o paladar.

Em Belgrano, dezenas de pracinhas com lojas de decoração e roupas, são complementadas por cafés charmosos onde é possível comer tortas de limão ou ricota, alfajores cordobeses (piores que os portenhos), cookies, podins de pão ou flans acompanhados de doce-de-leite, brownies e outros bolos.

Depois, rodar pelo local até 22h tomando café ou chimarrão olhando quinquilharias para casa parece ser a maior diversão no dia a dia da cidade. Não estamos em Palermo, bairro portenho, mas pra ver gente ainda mais bonita e dar uma badalada, o cruzamento das ruas Belgrano com Achaval Rodríguez é o melhor local.

Le Vin

Num dia de domingo, se você pegar sua bicicleta e ir à pâtisserie do Le Vin na Alameda Tietê, você pode até brincar de “França”. O calor e os motoristas brasileiros mal-educados vão rapidamente te trazer de volta para a realidade, mas a vitrine de iguarias que você pode levar pra casa vai amenizar seu sofrimento.

A pâtisseria do Le Vin vende macarrons, tarteletes, bolos de frutas e pães.

Le Vin

O destaque vai para as deliciosas terrines: tem uma que mistura carnes de caça do campo, outra de pato e outra de coelho. Tudo prensado com muito tempero e muita gordura saturada, mas daquela que vale a pena, diferente da gordura saturada de um fast food qualquer.

Le VIn

O restaurante Le Vin, em frente à pâtisserie, com filiais pela cidade de São Paulo e até uma no Rio, é um caso de amor à parte. É difícil não amar o Le Vin, responsável pela popularização da cozinha francesa. Tudo é bom, principalmente os festivais de fois gras, os mexilhões com batatas fritas que lembram os da rede francesa Leon de Bruxelles… Mas a sopa de cebola, sem creme de leite, é campeã.

Itália: Grande Influenciadora da Gastronomia Francesa

Pouca gente sabe, mas a base dos hábitos refinados à mesa e os hábitos alimentares mais contemporâneos dos franceses se devem à uma das famílias burguesas italianas mais ricas da história: os Médici.

Comerciantes de Florença, os Médici tiveram sua ascenção década a década, tornando-se extremamente ricos, construindo palacetes em Florença, ocupando cargos políticos e chegando à nobreza com base no comércio das cidades-estado italianas, onde o foco era a liberdade de produção e comercialização.

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Residência dos Médici em Florença.

Catarina de Médici passou a fazer parte da corte francesa quando casou-se em 1533 com o rei Francisco I da França. A jovem florentina chegou muito jovem à corte, mas ao envelhecer foi mãe de uma prole de 10 filhos e regente da França por um curto período.

Catarina veio de berço livre e rico. Tinha hábitos refinados à mesa, já morava em palácios e acompanhava de perto a ascensão da nova arte burguesa em formato de pintura e escultura nas mãos de renascentistas como o, na época, recém-falecido Leonardo da Vinci.

O acesso às especiais e produtos alimentícios que enchiam os olhos do mundo eram fáceis à mesa dos Médici. O açúcar foi introduzido ao palácio real francês por Catarina. Antes, os franceses usavam mel. Foi depois do açúcar, trazido da Ásia, mas já amplamente usado na Toscana, que os franceses começaram a desenvolver suas receitas de famosos macarrons e frutas cristalizadas. Os sorvetes, feitos na neve, também passaram a fazer parte da gastronomia francesa.

Veio da Itália para a França o hábito de cultivar hortas e comer hortaliças como brócolis, couve-flor e berinjela. Até hoje, alguns jardins de palácios da França mantém o hábito renascentista de plantar verduras e legumes em meio às flores e outras plantas.

Maní – Sensação da Gastronomia Paulistana

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Comandado pela ex modelo e atual chef Helena Rizzo, o Maní é a atual sensação da gastronomia paulistana. Também pudera: o ambiente, a comida e a supervisão individual de cada prato que vai à mesa pela chef faz da ida ao restaurante uma experiência deliciosa.

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O cardápio muda constantemente, mas alguns ingredientes se mantêm. Prove o peixe do dia cozido no tucupi com banana da terra e castanhas. Destaque também para o paladar inconfundível do risoto de beterraba e a textura original do levíssimo nhoque de mandioquinha, que não vem regado a molho cremoso como nas tratorias.

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Ponto alto, as sobremesas chegam lindas à mesa. ‘O Ovo’ é sorvete de gemada com espuma de coco e uma casquinha de coco queimado, tipo cocada. Há também sorvete de açaí com morango picado, marshmallow de açúcar mascavo, banana e gelatina de guaraná – sim, tudo junto.

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Mas talvez o mais inesquecível do restaurante seja o couvert de entrada. Um grande biscoito de polvilho bem salgadinho que você pode incrementar com sour cream ou queijo de cabra fresco.
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Gelatina

Sou fissurado em doces, mas nunca fui fã de gelatina: “não é doce de verdade”, pensava.

Tenho uma referência terrível também das gelatinas servidas no ambiente de trabalho e na faculdade. Eram ressecadas, de sabor e textura horríveis. As versões light, incluindo os pudins e flãs, eram tão carregadas de aspartame que o gosto ficava três dias na boca.

Depois que comecei a correr, vieram a minha cabeça a história e as referências de pessoas que ficaram com a musculatura e a pela flácidas devido ao impacto. Lembrei-me da ajuda que a gelatina pode dar para segurar as pontas. Ela é feita com colágeno protéico extraído de pele, cartilagem e ossos de diversos animais, e contém aminoácidos que ajudam a sintetizar o colágeno no corpo. Para isso funcionar,a gelatina precisa ser ingerida todos os dias (10g a.d) e os resultados só vêm depois de dois ou três meses.

Hoje eu já experimentei algumas marcas no supermercado. Das menos estranhas, fico com a Dr. Oetker e a Taeq. Com exceção da Taeq de lichia, que tem na fórmula a mesma essência do xarope Brondilat.

Queijo Ralado

Em visita a uma amiga em Brasília, almoçávamos uma entrada de salada de alface americana com queijo ralado e azeite. O queijo estava tão bom, mas tão bom, que…

“Que queijo é esse?”

Ela: “Ah, minha mãe sempre falou pra comprar esse, ó…”

Sensacional porque faz total diferença. O “faixa azul” é a marca do queijo parmesão premium da Vigor. Aparentemente com menos sódio e definitivamente com mais sabor. Custa quase o triplo do parmesão comum. Mas faz total diferença. Muita mesmo. Afinal, os outros queijos parmesão são tipo sal: estragam a comida e disfarçam o que não tem sabor. Esse realça o prazer de comer as saladas e vira quase um pesto instantâneo quando misturado com o azeite. Obrigado à Carla Christine pela recomendação!